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É dia de pechincha, é dia de feira!

  • Camilla Aimée
  • 10 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

O caos saudável da rotina de feirantes e fregueses

Sábado ensolarado, 30º C. Praia? Piscina? Não. Feira! A CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) abre os portões para o público. Quem não vai de carro, pega o trem da linha Esmeralda e desce na estação Ceasa. Os vendedores, numa correria só, gritam suas ofertas: “duas bandejas por quinze”, “duas caixas de uva por dez reais”... O cheiro desagradável de peixe, pombos e o barulho do lugar não são capazes de espantar a clientela que, fielmente, frequenta o lugar nos fins de semana.


Comprar frutas, verduras e outros alimentos na CEAGESP, religiosamente, toda semana é uma prática comum entre alguns consumidores. “Minha família vai como rotina”, contou Rodrigo Pisetti, 22 anos, que frequenta a feira desde os oito anos. Ele confessa que não gosta de ir, por causa da sujeira, muvuca de pessoas e os gritos dos vendedores que o incomodam. A única razão de Rodrigo ir à feira, mais ou menos, uma vez a cada dois meses, é para comer pastel.


E que pastel! Júlia Mussarelli, 24 anos, adora o pastel da CEAGESP. “Apesar de ser distante da minha casa, vale a pena acordar de manhã num sábado para comer pelo menos um pastel por lá”, entusiasmada ela lembra do último sábado em que almoçou pastel por lá. Mas, diferente de Rodrigo, Júlia adora o lugar e, quando vai, aproveita para olhar as belas flores, experimentar frutas de graça e comprar queijo branco. “Tudo é fresquinho e o ambiente é agradável”, destaca ela.

O bom da feira não é o preço, mas a variedade e a qualidade. Frutas e verduras que raramente vemos nos supermercados, como acerola, alcachofra, caju, siriguela etc. Além de belos tomates, tangerinas e laranjas com cascas lisinhas e brilhantes.


“Siriguela?” Quem não conhece o fruto questiona. Siriguela é um gostinho nordestino em sampa. Encontrar esse fruto pequeno – do tamanho de um tomate cereja -, amarelo, com um sabor docinho difícil de comparar. Esse é um dos poucos frutos que vem de fora do estado de São Paulo, diretamente da Bahia.


Da Bahia também vem o mangostin, um fruto asiático. Por fora ele é redondo e da cor de beterraba, mas por dentro da casca grossa está um miolo suculento com a aparência de uma cabeça de alho, mas o gosto e textura lembram um pouco a lichia e romã.


Além do fruto exótico, da Ásia, encontramos uma grande variedade de artigos para culinária japonesa e o delicioso “pastel de flango”. Se o bairro da Liberdade é um pedacinho do Japão em São Paulo, podemos afirmar que na CEAGESP encontramos fragmentos da Liberdade.


A animação fica a cargo dos feirantes, que, com alegria trabalham. Arrumam seus produtos expostos ao mesmo tempo em que cantam, dançam, fazem piadas e conversam sempre com um sorriso estampado no rosto, nem parece que acordaram de madrugada para dar inicios as atividades da feira às 7h. São muito simpáticos, claro, querem conquistar o freguês. Alguns são mais jovens, com vinte e poucos anos, mas a maioria está na faixa dos quarenta. São do interior do estado, o que justifica o sotaque caipira deles. O cansaço do trabalho é representado pelo suor na pele manchada pelo sol, mas isso não é motivo para haver desanimo.


Corre, corre, porque aos sábados essa festa só dura até 12h30min - aos domingos a feira termina 13h30 -. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos do horário de fechamento, toca a sirene indicando que as barracas devem ser recolhidas e tudo o que já era uma grande loucura, piora. Os feirantes querendo acabar com os alimentos perecíveis, baixam ainda mais os preços e negociam com os clientes. Os trabalhadores começam a guardar em caixotes o que não foi vendido, outros já vão buscando os carrinhos de mão - é bom tomar cuidado para não ser atropelado -, uns vão lavando as mesas e lá vem o caminhão-container de lixo para recolher os restos. E já era a feira. O mutirão deixara tudo pronto para que, no dia seguinte, a festa recomece.


 
 
 

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