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Avenida Paulista e seus espaços culturais

  • Daniela Bontorim
  • 10 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

O MASP (Museu de Arte de São Paulo), edifício modernista projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, surge como um ícone no meio da Avenida Paulista. Do outro lado, no edifício da FIESP, o Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso foi projetado pelo arquiteto modernista Paulo Mendes da Rocha e possui 1.000m2 dedicados a exposições. As novas instalações do SESC Paulista, terão seus 15 andares ocupados com arte, corpo e tecnologia e sua previsão de abertura é para o 2º semestre de 2017. Seu vizinho, o Instituto Itaú Cultural, foi inaugurado em 1989 e é um dos espaços de marketing cultural da avenida. Concluída pelo escritório de Ramos de Azevedo, a Casa das Rosas tem como diretriz “conscientizar o público para a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade”. Esses são apenas alguns exemplos de espaços criados para a cultura na Avenida Paulista que, na verdade, vem redescobrindo novas formas de abrigar manifestações artísticas.

Uma das diretrizes dessa situação provém das diversas categorias de arte e dos espaços necessários para sua devida exposição. O ambiente tradicional para pinturas e esculturas modernas nem sempre foram museus, mas são eles que, na contemporaneidade, abrigam produções artísticas que retratam sociedades, culturas e linhas de pensamento. O museu é um espaço reconhecido, suas paredes, normalmente, brancas e lisas, os setores que dividem as obras por período ou artista, as exposições permanentes e temporárias, os corredores por onde o público percorre, tudo foi planejado para aquele que já sabe o que procura.

Em contrapartida, a arte exposta na Avenida é criada junto ao público, que se torna parte fundamental dessa produção. Não há paredes, delimitações de território, há singularidade e a eterna construção de trabalhos. São artistas, escritores, palhaços, dançarinos, músicos, que se inspiram na força da liberdade de expressão para encontrarem sua arte. “Venho para escrever. A mestiçagem de corpos me ajuda a criar e me enxergar nessas pessoas. A arte existe através de uma performance, de um instrumento, um rito, um cortejo e até mesmo do silêncio, de técnicas sinestésicas que transmitem o que você acredita, suas ideologias e crenças, que acabam aparecendo naquele momento”, diz Mariana Fagundes, 32, enquanto observa a movimentação no vão do MASP.

O projeto do MASP surge em 1947, por iniciativa de Assis Chateaubriand, e duas décadas depois é inaugurado o arrojado edifício, que dá início a esfera cultural da Paulista. De todos os espaços estruturados já citados, este museu é, sem dúvidas, o mais reconhecido popularmente e internacionalmente, tornando-o assim, principal referência cultural da Avenida.

No dia 18 de outubro de 2016, a Paulista passou a ser fechada para carros aos domingos. Essa mudança, tomada pela Prefeitura, trouxe uma maior apropriação da cidade pelas massas, que também caracterizam a história da própria Avenida, que já foi e ainda é espaço sede de manifestações políticas, econômicas e culturais, devido a sua importância e centralidade na metrópole. É assim que, principalmente aos domingos, a Avenida transborda de arte e convida a todos a viverem essa arte e participar da sua formação.

Num ensolarado domingo, Rodrigo Lima, 54, passeia com suas filhas que brincam na Avenida com outras crianças. “Moro em Santo André, mas trago as meninas para cá sempre que possível. Quero que elas valorizem e participem da cultura do país delas e aqui você vive essa mistura toda, que é também o que nos caracteriza”, diz André. Nas oito faixas, músicos, bicicletas, vozes, movimentos e cores formam uma composição de interatividade entre a cidade e o seu povo, que o desenha e cria novos usos para o seu espaço.

Enquanto a Avenida é flexível e cria suas relações com o público sozinha, espaços culturais estruturados procuram cada vez mais que o espectador não seja só um observador, mas também um participante do lugar. Essa conexão aparece nas atividades de interação além das obras de cada artista. O estar presente é uma preocupação dos organizadores desses espaços, que entendem que vivemos num mundo hipermidiático e que sentimos a necessidade de interagir para que as coisas pareçam mais reais. Nessas seções, a maioria do público é infantil, por se tratarem de atividades elaboradas em formato de jogos criados com tecnologia e singularidades de cada exposição, o que acaba atraindo e incentivando futuras visitas.

Criados junto ao público ou para o público, os espaços culturais presentes na Avenida Paulista são formados por processos de contemplação, produção, recepção e compreensão. São as nossas próprias relações com a cultura do presente ou do passado que dão significado e valor a nossa presença nesses espaços. Embora tenham particularidades distintas, os vários tipos de arte da Avenida nos ajudam a pensar, questionar e transformar nossas vidas a fim de uma melhor compreensão do mundo e de nós mesmos.



 
 
 

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